domingo, 7 de junho de 2009

"...é a dose mais forte e lenta de uma gente que rí quando deve chorar. e não vive, apenas aguenta"



Sei que agora deves estar com ela bem ao teu lado
Sei que agora não passo de um rabisco deste imenso retrato
Mas te peço que quando acabares com tudo, quando raiar o dia
E as velas apagarem pra ides embora
Lembra de mim.
Depois que vires e viveres a boa vida de um deus, a boa trama dos céus,
E gastares as forças para embebedar-te de alegria,

depois que descobrires a alegria, no cair do outro dia,

quando tudo está parado e igual,
Lembra de mim.
Mesmo distante e eu te esperando
Lembra de mim!
Nossas crianças, nossa Aliança,
Lembra de mim!
Fidelidade e fuga lado a lado
Como as caras desta moeda
Como as facetas destas idéias.
Lembra de mim?
E se quando ela te beijar, esqueceres de mim, não faz mal.
Se ao vires o meu retrato, se quando leres minhas cartas,

ou quando assistires àquele filme que um dia nunca vimos juntos,

se assim detestares pensar em mim, pelo menos tenho a certeza,

na mais triste das naturezas, no vazio de uma lembrança amarga...
Que lembras de mim.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

"I'm sick and tired of hearing things From uptight, short-sighted, narrow-minded hypocritics"


O Minc é a verdadeira oposição que existe nos Poderes brasileiros!

Não interessado em gastar latim discutindo a quimera da dicotomia PSDB-PT, usarei o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc como plataforma para mirar e maldizer nosso congresso.

O primeiro sinal de que alguém é “diferença” está nas alcunhas atribuídas a ele (a). Essas, geralmente carregadas de depreciação. Um ponto para o Minc, já chamado de irresponsável, idiota, desqualificado, traficante – verbetes, obviamente, aureados pela verborragia dos congressistas contrários ao ministro.

O segundo é o que eu chamaria de “maldade” em saber achar a ferida de quem se quer opor e, é claro, cutucar. Mais um ponto! Nosso ministro chamou os deputados ruralistas de vigaristas por tratarem a agricultura familiar como agronegócio. Abespinhados, deram o troco com as seguintes palavras:

“O palavreado de Minc é característico daquele usado nos morros da Rocinha em conversas com traficantes de drogas... Não venha trazer esse palavreado para cá. Nós deputados não aceitamos esse tipo de provocação de um ministro que não tem um mínimo de saber ao não assumir a liturgia do cargo."

Pois bem, senhores, assumir a “liturgia” é a maior ferramenta de mediocridade que os deputados possuem. Ora, os bons-modos pouco permitem para se mostrar o que há de podre no sistema legislativo ou qualquer outro. Sob a égide da liturgia, não se pode ser enfático sobre a verdade. E foi mandando essa tal “liturgia” para a casa das mães dos parlamentares, que o ministro mostrou fatos.

A bancada litúrgica é a maior responsável pela manutenção latifundiária no país. A agricultura familiar é, sim, muito diferente daquilo que esses deputados defendem. São os mesmos deputados que tencionam aprovar o “licenciamento ambiental por decurso de prazo”, que permite início de certas obras com licença ambiental automática. Um prato cheio para continuar a destruição da floresta amazônica em PG.

O próximo ponto do Minc Opositor vem de sua anti-imagem (ou imagem). Não satisfeito em ser força minoritária no discurso realista a favor da sustentabilidade, esse personagem do Executivo participou da marcha pela descriminalização da maconha – outrora proibida na maioria dos estados brasileiros – e defendeu a criminalização da homofobia. Como não podia ser diferente, ganhou mais alguns comentários dolorosos e doloridos. Foi interessante ouvir um apresentador de jornal da Rede Bandeirantes tachar de irresponsável a presença de Minc na marcha (adoro quando as coisas incomodam quem se sentia confortável em sua poltrona).

É muita cara à tapa para um cidadão.

O personagem Minc é, para mim, o oposto do personagem Congresso Nacional. Se o Minc sabe que a criação de gado extensiva e as empresas madeireiras são os carros-chefe do desmatamento na Amazônia, o Congresso crê que sustentabilidade é anti-progresso. Se o Minc acha que sua importância política ajuda a chamar olhos para causas como a descriminalização da maconha, e os crimes de preconceito como a homofobia, o Congresso imagina que o tráfico tem uma linguagem identificável, diferente do eloqüente discurso dos incorruptíveis senhores de nosso Estado e que a liturgia da posição que ocupam merece que não se descubram os espinhosos temas da nossa sociedade.

Eis uma fórmula interessante para a vida: falar bem nos dá direito a mensalão, abuso de cartão corporativo, viagens internacionais para toda a família à custa da viúva, desvio de verbas de obras públicas, etc.