quarta-feira, 13 de maio de 2009

“Everyone hates a bore, everyone hates a drunk. Everyone hates a sad professor”

Apesar de ser a própria incorporação do conceito, não deixo de me impressionar, encantado, com a capacidade taoística da música. Ela simplesmente é tudo, está em tudo. Está no seleto grupo de elementos que nossa limitada linguagem não consegue dar conta. Vi, certa vez, Joseph Campbell afirmar, referindo-se ao valor metafórico dos mitos, que as melhores coisas da vida são aquelas pelas quais perdemos a capacidade de traduzir. Música é isso. Quem nunca se perdeu em palavras aleatórias, por vezes contraditórias, tentando achar uma que elucidasse como uma música o fez sentir?

Os elementos considerados mais transcendentes nas diversas práticas religiosas envolvem a música. Os mantras entoados são o veículo de maior elevação espiritual de algumas religiões orientais.

Todo esse percurso é para ilustrar a relevância em lembrar que essa senhora habita os emocionados e ébrios discursos às mesas de bar. Sempre.

Hoje, cativado pela composição que inspirou o nome signatário do blog, lembrei-me de uma categorização que fiz, há algum tempo, na supracitada situação.

Vou desconsiderar os níveis hierárquicos mais baixos da classificação e me prender aos dois principais: os bons letristas e os geniais. Claro que vai haver discordância nos nomes incorporados a cada categoria, mas isso nada importa. Dou ênfase ao conceito. Vamos a eles.

Os bons letristas são os que conseguem fazer ser relevante o que está escrito. Também não gastarei latim discutindo o que estou chamando de “relevante”, confio nos leitores. Os geniais elevam-se do relevante. Esses escrevem algo que fica para além da melodia que acompanha – claro que a musicalidade não deixa de existir. No sentido prático, são líricas que podem/ merecem ser recitadas.

Quando pensei nisso, estava recitando “Refrão de bolero”. Um poema!

Michael Stipe. Considero um dos maiores poetas – ainda vivo – do rock. Experimente recitar “Why not smile” ou “Diminished”.

Recentemente, aprendi a poesia de Dave Grohl. Os versos “your´re not alone dear loneliness, you forgot but I remember this” não são apenas recitáveis, eles merecem ser gritados no que Saramago chamaria de “conversar com o teto”.

Não me deterei à mais versos, mas sugiro como exercício de encontro com a genialidade recitarem “Across The universe” (do poeta Lennon), “O mundo é um moinho” (do poeta Cartola), “tigresa” (do poeta Veloso), “Mar e lua” (do poeta Chico) e “Viernes 3am” (do poeta Herbert).

Um bom dia a todos e

Fiquem com a música!

Um comentário:

  1. Tantos gigantes brasileiros, chega nem sobrou espaço pro poetinha...
    Na cara-dura, vou convidá-lo ao espaço de outrem:

    "O que Tinha de Ser" (do poetinha Vinicius, com um dos inúmeros parceiros, o também poeta Jobim)

    *acabou que convidei logo dois penetras ó, foi mal.

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